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Nosocómico

"Nosocómico"

José Carretas, a partir de Molière
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Autor
José Carretas, a partir de Molière
Encenação, Cenografia e Cartaz
José Carretas
Música
Ambre de Souze, Thyago Mûriere e Jean-Baptiste Lully
Desenho de luz
Hâmbar de Sousa
Interpretação
Fernando Landeira, Hâmbar de Sousa, Sílvia Morais, Susana Gouveia e Tiago Moreira
Carpintaria
Ivo Cunha
Confeção de figurinos
Alfaiataria Juvenal e Sofia Craveiro
Fotografia do Cartaz
Fernando Landeira
Produção
Celina Gonçalves, Fernando Sena e Luís Mouro
Fotografia e Vídeo
Ovelha Eléctrica
Agradecimentos
Burel Factory, Leonor Carretas, Professor José Pereira, Mammy Susy
Duração aprox.: 55 minutos
Classificação etária:
Para maiores de 12 anos

De tempos a tempos, somos surpreendidos com alguém que se faz passar por médico. Surpreende-nos o descaramento, a “perícia” e a capacidade de enganar toda a gente, mas choca-nos que se possa brincar assim com a saúde dos outros.

No Teatro, por exemplo, podemos matar ou fazer adoecer qualquer pessoa, sem que isso tenha algum mal. Pelo contrário, até pode provocar salutares gargalhadas, como é o caso de Molière. Na Medicina, não. As pessoas podem realmente adoecer e morrer.

Também há falsos engenheiros, falsos advogados, falsos padres, com falsos diplomas, mas isso, estranhamente, não nos choca tanto. Há gente que chega mesmo a votar neles. Mas, como diz Esganarelo neste espetáculo, médico é mais do que um estatuto é uma missão.

No tempo de Molière, também houve a peste, a pandemia da época. Molière satirizava os médicos e teria razões para isso. Nós, hoje, agradecemos aos médicos e à Ciência que nos dão mais e melhor vida. Hoje, os médicos são diferentes. São melhores.

A unir as duas épocas, fica o humor eterno daquele homem do teatro, a lembrar-nos que a melhor terapia para todas as doenças é a Comédia.
Nosocómico*

De tempos a tempos, somos surpreendidos com alguém que se faz passar por médico. Surpreende-nos o descaramento, a “perícia” e a capacidade de enganar toda a gente, mas choca-nos que se possa brincar assim com a saúde dos outros. No Teatro, por exemplo, podemos matar ou fazer adoecer qualquer pessoa, sem que isso tenha algum mal. Pelo contrário, até pode provocar salutares gargalhadas, como é o caso de Molière. Na Medicina, não. As pessoas podem realmente adoecer e morrer. Também há falsos engenheiros, falsos advogados, falsos padres, com falsos diplomas, mas isso, estranhamente, não nos choca tanto. Há gente que chega mesmo a votar neles. Mas, como diz Esganarelo neste espetáculo, médico é mais do que um estatuto é uma missão. No tempo de Molière, também houve a peste, a pandemia da época. Molière satirizava os médicos e teria razões para isso. Nós, hoje, agradecemos aos médicos e à Ciência que nos dão mais e melhor vida. Hoje, os médicos são diferentes. São melhores. A unir as duas épocas, fica o humor eterno daquele homem do teatro, a lembrar-nos que a melhor terapia para todas as doenças é a Comédia.

Este espetáculo partiu de dois dos primeiros textos de Molière: “Médecin Volant” (Médico Volante) e “La Jalousie du Barbouillé” (A Ciumeira do Enjoado). Já neles se nota o enorme talento que veio a consagrar o Mestre: um humor feito de irreverência, de quebra de preconceitos, de crítica social desbragada, sem filtros, sem auto-censura. Por isso, foi um quebra-cabeças dramatúrgico resolvido com prazer. Que me lembre, é a oitava encenação minha no Gicc Teatro das Beiras. Quer dizer que já não se trata de amizade, mas de cumplicidade. Digo cumplicidade porque Teatro é um crime premeditado, cometido em grupo. O veredicto é do público, mas até lá, somos todos presumidos inocentes. Espero que o público seja também ele nosso cúmplice ou, pelo menos benevolente.

*Nosocómio: o mesmo que Hospital. Nosocómico: relativo a hospital ou às doenças que aí se tratam.

José Carretas